quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Mesmissanhice

Acordou no mesmo horário, tomou banho no mesmo banheiro, vestiu as mesmas roupas e foi trabalhar no mesmo lugar. Disse bom dia as mesmas pessoas, tomou o mesmo copo de café, fez os mesmos serviços. Voltou para a mesma casa. Calçou os mesmos chinelos velhos: Só gostaria de ter de volta aquele mesmo coração que um dia teve nas mãos.

sábado, 5 de outubro de 2013

Um dia desses

Um dia desses voltando da faculdade, passei por um senhor que estava de bicicleta. Era noite, então por um impulso, aumentei os passos para ultrapassa-lo. Vai que...

No outro dia, eu o encontrei novamente e me assustei quando me aproximei dele e da bicicleta. Algo estava se balançando dentro de um caixote de madeira, desses de feira sabe? Ele acoplou uma dessas na frente e atrás daquilo que poderia chamar de casa. Na traseira, para minha surpresa, algo também se mexia.

Depois de alguns outros passos, eu pude ver a cabeça de um cachorrinho saindo do primeiro caixote. Descobri que não era uma bicicleta e sim uma casa móvel. Sem paredes e sem teto.O que mais me surpreendeu foi que aquele senhorzinho (muito bem agasalhado, fazia frio aquela noite) conseguia dividir o pouco que tinha com dois pequenos animais. Os cachorros possuiam o máximo conforto que ele poderia dar a eles: Cama, um cobertor quentinho, ração e amor. Ah! O amor é certo que não lhes falte. Nem para eles nem para o senhorzinho.

O amor é o sentimento mais bonito do mundo. Sem ele não seria possível fazer a maioria das coisas que fazemos; seriamos apenas "coisas". Animais amam. Somos todos feitos de amor, e com amor. Amar nos alimenta, nos fortalece. Amar nos move.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Uma lição sobre conhecimento


Sempre estudei em escola pública, e quando eu estava no segundo ano do fundamental saí do bairro onde morava e fui para outro muito mais distante. Na minha antiga escola, o ensino era bom, eu consegui desenvolver minhas atividades normalmente, mas com a mudança, muitas coisas pioraram. Entrei em uma escola também pública, e tive um professor que não me ensinou nada durante quase dois anos. Ele nos mandava COPIAR muitas páginas lições de livros e nos falava muito sobre religião. Ele insistia em dizer que nós precisávamos conversar com Deus, e no fim das aulas, nos ensinava a rezar. Eu tinha sete ou oito anos, e em certas ocasiões gostava de "não estudar" pois poderia convesar horas e horas com meus amigos de classe. Um bom tempo depois, pude perceber que perdi muito tempo. 

Iniciei o quarto ano em uma escola diferente. Muito melhor do que a antiga, lá sim, eu tive uma professora. Talvez uma das melhores que já tive na vida!
Todos na minha classe estavam no mesmo "nível" de conhecimento, coseguiam acompanhar bem a matéria, mas eu não. Tive dificuldades, principalmente em matemática. Dificuldades que me acompanharam até a oitava série, dificuldades que talvez até hoje estjam comigo, lá no fundinho. Eu me esforcei muito, estudava quase todos os dias e fazia lições extras. No fim, consegui passar de ano. Com notas bem abaixo  da média da minha classe, mas com muito esforço. 

Nada disso teria sido possível se eu não tivesse encontrado uma professora tão boa quanto a minha querida Lurdinha. Ela me ensinou muito, mas me deu algo muito mais importante:Confiança. Ela confiou em mim porque sabia das minhas dificuldades. Não só em mim, mas em todos os alunos que passaram por ela. 

Hoje eu cheguei ao ensino superior por mérito, e não aprendi tudo o que eu gostaria de saber. Vou continuar aprendendo pelo resto da vida e por muitos anos. Eu tive sorte, pois infelizmente essa é a realidade de muitas crianças e adolescentes pelo Brasil a fora. Tive a oportunidade de melhorar, de estudar e de crescer. Mas fico pensando, quantas crianças estão perdendo as vidas e a infância fora da escola? E o que acontece com aquelas outras que vão a escola e não aprendem? Por que o ensino público é tão precario? Por que os professores sofrem tanto com os baixos salários e as pessímas condições de trabalho? Por que passar uma criança de ano sendo que ela não sabe o básico? 


Governantes, lembrem-se: Essa criança é o futuro do país. Assim como eu. Essa criança precisa de estrutura escolar. Não de uma instituição que a faça PASSAR pela escola. Não adianta investir só em ensino superior, dando milhares de bolsas para faculdades. Vocês precisam olhar pelos pequenos também.
Infelizmente, tempo não se recupera.

Termino com uma frase que escutei de um jornalista em uma palestra:
"Estamos rezando a missa de sétimo dia da educação..." 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Um quebra cabeças

Jornalista não é só jornalista. É psicologo, investigador, chefe de cozinha, bombeiro, mágico, artista...

Ok, disso eu já sabia, mas tive a plena certeza segunda-feira dessa semana, enquanto discutiámos sobre o caso do menino que supostamente matou a família e se suicidou (Nessa altura do campeonato, a polícia não sabia muita coisa sobre as mortes).
Estávamos em sete ou oito pessoas na redação, claro que sete ou oito cabeças pensam melhor que uma. Nos colocamos então, a pensar sobre as possibilidades das mortes. Crime passional, vingança, queima de arquivo e outras mil coisas foram cogitadas. Chegamos a conclusão de que algo na história não se encaixava completamente. Já na Terça-feira , voltamos ao mesmo assunto, agora com mais detalhes sobre o caso, tentamos traçar o perfil psicologico do garotinho. Psicopatia, disturbio ou qualquer coisa que justifique o que aconteceu. Reconstituição mental da cena do crime. Horas aproximadas. E a frase que ecoava em nossas cabecinhas pensantes: "Mas qual seria o motivo para cometer um crime tão barbáro?" Na Quarta, começamos a concluir o inquerito que nós mesmos instauramos. E alguém soltou a frase: "Se nós estamos quebrando a cabeça para encaixar as peças dessa história, imagine a polícia!"

Algumas (muitas) perguntas ainda estão sem respostas. Claro que o papel de nós, comunicadores, é transmitir a informação correta à sociedade. Mas ainda sim, precisamos ir além do comunicar e nunca esquecer que o jornalista precisa ir sempre além do fato.

Do título

 E lá vou eu me aventurar mais uma vez na tal da blogosfera. Já perdi as contas de quantas vezes tentei fazer e dar continuidade à um blog, porém, por algum motivo maior (?) abandonei todos depois de um tempo.

 Pois bem. Nunca fui muito criativa com essas coisas de nome de usuários, mas acredito que esse "Quase Foca" seja apropriado para o momento que estou vivendo. E também, porque eu acho que já passou da hora de parar de ser "escritora de gaveta" para ser "escritora de blog". Não faz sentido? É, mas é bem por aí.
 E levando em conta outros mil e um fatores - incluindo a coragem - é que finalmente pretendo levar a sério esse treco bloguilistico.


Pretendo manter a regularidade das postagens, e também fazer um diário de bordo sobre algumas situações do cotidiano de Uma Quase Jornalista.